CBF x Conmebol: Entenda a Tentativa de Ajustar o Calendário do Futebol Brasileiro para 2025

Introdução: O Conflito Entre CBF e Conmebol

Em setembro de 2024, a Confederação Brasileira de Futebol (CBF) encaminhou um ofício à Conmebol solicitando mudanças estruturais na organização das Copas Libertadores e Sul-Americana a partir de 2025. A proposta visava ajustar o calendário do futebol nacional, que estará sobrecarregado por causa do novo Mundial de Clubes da FIFA, previsto entre 15 de junho e 13 de julho de 2025.

Entretanto, a Conmebol rejeitou as solicitações, citando impactos comerciais e a importância técnica das fases preliminares e dos playoffs nas competições continentais. Apesar disso, a CBF sinalizou que pretende manter o diálogo com a entidade sul-americana visando os anos seguintes.

O Impacto do Novo Mundial de Clubes no Calendário Brasileiro

A principal motivação da CBF foi a necessidade de adaptar o calendário nacional à realidade do futebol internacional, especialmente em 2025. O novo formato do Mundial contará com grandes clubes brasileiros como Flamengo, Palmeiras, Fluminense e possivelmente Atlético-MG ou Botafogo, o que causará uma lacuna de quase um mês no calendário nacional em plena metade da temporada.

Ajustes já feitos pela CBF para 2025

• Campeonatos estaduais começam em 15 de janeiro

• Série A do Brasileirão inicia no fim de março

• Brasileirão termina em 21 de dezembro

Apesar dos ajustes, o número de datas disponíveis para jogos nacionais diminuiu. Isso aumenta o desgaste dos atletas e pode comprometer o desempenho dos clubes nas competições internacionais.

Propostas da CBF: O Que Foi Sugerido à Conmebol?

1. Fim dos Playoffs da Sul-Americana

Desde 2023, a Copa Sul-Americana passou a contar com uma fase de playoffs entre os segundos colocados da fase de grupos e os terceiros da Libertadores. A CBF sugeriu a eliminação dessa fase, argumentando que ela ocupa datas preciosas entre agosto e setembro.

Vantagem para a Conmebol: Essa fase aumentou o número de jogos e a atratividade comercial da Sul-Americana, com clubes de peso migrando da Libertadores.

Argumento da CBF: Eliminar esses jogos traria alívio ao calendário dos clubes e mais equilíbrio para os times brasileiros.

2. Fim da Participação Brasileira na Pré-Libertadores

A CBF também propôs que os clubes brasileiros não participem mais da fase preliminar da Libertadores, liberando até quatro datas entre fevereiro e março. Para isso, propôs reduzir as vagas do Brasil na competição: de sete para seis.

Novo formato proposto:

• 5 vagas para os melhores colocados do Brasileirão (redução do G6 para G5)

• 1 vaga para o campeão da Copa do Brasil

Segundo a CBF, isso garantiria que todos os representantes brasileiros entrassem diretamente na fase de grupos, poupando os clubes de desgastes e longas viagens no início do ano.

Por Que a Conmebol Rejeitou as Propostas?

A resposta da Conmebol foi categórica: não haverá mudanças para 2025. O motivo principal envolve questões comerciais e a manutenção do equilíbrio técnico das competições.

A entidade argumentou que:

• As fases preliminares são fundamentais para países com menos clubes de alto nível competitivo.

• Os playoffs da Sul-Americana aumentam a atratividade da competição, gerando maiores receitas com direitos de transmissão.

• Mudanças como essas exigem tempo de adaptação e não podem ser implementadas de imediato.

A Estratégia da CBF: Pressão Pública e Justificativas

Embora soubesse da dificuldade em aprovar as propostas, a CBF decidiu divulgar publicamente o ofício enviado à Conmebol. O objetivo foi duplo:

1. Justificar o calendário apertado e irregular de 2025

2. Pressionar a Conmebol para futuras mudanças

Com a antecipação dos estaduais e o Brasileirão se estendendo até 21 de dezembro, a temporada de 2025 será uma das mais longas e intensas da história recente. Ao expor o impasse com a Conmebol, a CBF tenta dividir responsabilidades e mostrar que está tentando proteger os interesses dos clubes brasileiros.

Conclusão: O Desafio de Conciliar Calendário Nacional e Internacional

A negativa da Conmebol mostra como é difícil alterar uma estrutura que envolve interesses comerciais robustos e diferentes realidades entre as federações sul-americanas. Ainda assim, a CBF demonstra persistência, acreditando que, com pressão e diálogo contínuo, mudanças podem ser possíveis nos anos seguintes.

O futebol brasileiro enfrenta um dilema constante: manter sua competitividade internacional sem sacrificar o rendimento e a saúde física dos atletas em um calendário que já é um dos mais apertados do mundo.

Enquanto isso, 2025 será um ano de grandes desafios — dentro e fora de campo.